terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Grannus

No politeísmo celta clássico (e no romano-celta), Grannus (também conhecido como Granus Mogounus Amarcolitanus) foi uma deidade associada aos balneários, às nascentes minerais térmicas e ao sol, deus das curas e primaveras. Era regularmente identificado a Apolo como Apolo Grannus. Era cultuado principalmente na Germânia Superior e na Gália do Norte, não raramente em conjunção à Sirona ( como visto na imagem ao lado ), a Marte e a outras deidades.

CENTROS DE CULTO
Um dos mais famosos centros de culto do deus estava em Granni (agora Aachen, Alemanha). Aachen significa ‘água’ no alto germano antigo, um calque do nome romano "Aquae Granni". As nascentes quentes do povoado, com temperaturas entre 45 °C e 75 °C, permanecem na área pantanosa e um tanto inóspita, em torno da região de vale da bacia de Aachen. Aachen primeiro tornou-se um centro curativo na época Hallstatt. O imperador romano Caracala (188 A.C. a 217 A.C.) visitou o santuário do ‘deus de cura céltico’ Grannus durante a guerra com a Alemanha em torno do ano 215.
Muitos outros centros de culto de Grannus permanecem na Alemanha dos dias atuais: inscrições dedicadas ao deus têm sido descobertas em Alzey, Arnheim, Augsburg, Baumberg, Bonn, Ennetach, Erp, Faimingen, Neuenstadt am Kocher, Rheinzabern, Speier, Trier, Bitburg e Unterfinningen. Todavia a Alemanha não é, de jeito nenhum, a única área onde o culto desta deidade céltica, muito difundida, ocorre: este nome de deus também está gravado em inscrições na França em Grand nos Vosges, Horbourg-Wihr no Haut-Rhin, Limoges na Haute-Vienne e em Monthelon em Saône-et-Loire. Existem descobertas também na Escócia em Inveresk, na Espanha em Astorga, na Itália em Roma, na Suécia em Fycklinge, na Áustria em Lendorf, na Inglaterra em Thetford, na Hungria em O-Szöny e na Romania em Alba Iulia e Bretea Română. No início do século vinte, do deus era dito ainda ter sido lembrado em um canto entoado em torno de fogueiras em Auvérnia, no qual um feixe de cereal era colocado no fogo e chamado Granno mio, enquanto as pessoas cantavam, “Granno, meu amigo; Granno, meu pai; Granno, minha mãe”.

FESTIVAL
Uma inscrição latina do 1º. século A.C., de Limoges, menciona um festival de dez noites gaulês para Grannus (latinizado como decamnoctiacis Granni):
POSTVMVS DV[M]
NORIGIS F(ilius) VERG(obretus) AQV
AM MARTIAM DECAM
NOCTIACIS GRANNI D(e) S(ua) P(ecunia) D(edit)4

Tradução: "O Vergobretus Postumus filho de Dumnorix deu de seu próprio dinheiro às Águas de Março para o festival de dez noites de Grannus".

EPÍTETOS
Em todos seus centros de culto onde está assimilado ao deus romano Grannus foi igualado a Apolo, presumivelmente no papel de Apolo como uma deidade solar ou curativa. Em Trier, é identificado mais especificamente a Apolo Febo. Em Monthelon, é também chamado Amarcolitanus e em Horbourg-Wihr Mogounus.

SÉQUITO DIVINO
O nome Grannus está às vezes acompanhado por aquelas outras deidades nas inscrições. Em Augsburg, é encontrado com Diana e/ou Sirona e outra vez com Sirona em Rome, Bitburg e Baumberg. Em Ennetach está com as Ninfas, em Faimingen com Higéia e Cibele e em Grand com Sol. Em Limoges, é encontrado com Marte e em Astorga com Serapis, Ísis, Marte-Sagatus e Kore.

ETIMOLOGIA
No início do século vinte, o nome era conectado ao irlandês grian, ‘sol’. Seguindo esta linha, o deus era frequentemente ligado ao Deò-ghrèine e ao personagem Mac Gréine da mitologia irlandesa. Entretanto, o grian irlandês ‘sol’, é pensado ser derivado do proto-céltico *greinā ‘sol’ e cognato com o galês greian ‘sol’ e com o proto-céltico *greinā que é improvável de ter evoluído para Grannos no gaulês e para outras línguas continentais célticas. A derivação de uma raiz proto-céltica *granno- ‘barba’ (cf. galês médio grann ‘queixo; barba, cabelos’ e do irlandês antigo grend ‘barba, cabelos’) tem entretido alguns eruditos que sustentam, no que Jürgen Zeidler diverge, propondo uma raiz diferente de *granno- pela "provável referência ao calor do sol e a propriedades curativas".